O uso do Ozônio para uma alimentação com menos agrotóxicos

Hoje em dia não é mais duvidoso ou achismo dizermos que o Brasil é um dos países do mundo que mais consome agrotóxico. GRIGORI (2019) nos mostra que entre os anos de 2000 e 2010, o crescimento do uso de pesticidas em todo o mundo foi de 100%, sendo esse o mesmo período em que no Brasil o aumento do uso desses produtos foi de quase 200%. Segundo estudos, aproximadamente 20% de todo agrotóxico produzido e comercializado no planeta é consumido pelo Brasil. O mesmo autor ainda nos mostra um estudo acontecido em 2011, pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, que estima que cada brasileiro consome em média 5,2L de agrotóxico por ano. Em 2015, esse valor passou para 7,6L por pessoa.

Isso é muito assustador, uma vez que sabemos o mal que o uso desses produtos podem causar à saúde. A Revista Casa e Jardim fez uma pesquisa com um nutrólogo, que listou as 12 principais doenças que os agrotóxicos podem gerar na população, sendo elas: câncer, infertilidade, TDAH, espectro autista, doenças hepáticas, Alzheimer, depressão, má formação fetal, hipotireoidismo, alergias e doenças cardíacas.

Dessa maneira, a população brasileira tem vivido uma luta constante para exterminar o consumo de agrotóxicos através da alimentação, e, se isso não for possível, que haja ao menos uma redução desse consumo.

O ozônio utilizado diluído na água tem o grande poder de oxidar moléculas orgânicas através da destruição das duplas ligações de carbono, retirando por completo ou reduzindo boa parte dos agrotóxicos contidos na superfície dos alimentos.

O mais interessante é que a ozonização desses alimentos se dá de maneira fácil e econômica, bastando mergulhá-los em um recipiente com água e colocar um simples aparelho para gerar borbulhas do gás ozônio nesse meio, fazendo com que a oxidação aconteça e uma “sujeira” fique ao redor do recipiente, sendo eliminada. É nessa “sujeira” citada que estão os restos dos componentes dos agrotóxicos oxidados.

Um exemplo simples dessa redução de produtos químicos contidos nos alimentos pode ser observado em um estudo de Ong et al., (1996), onde foi feita a lavagem das maçãs com água ozonizada a 0,25 mg/L por 15 min. Os níveis de resíduos de azinfós metílico, captana e cloridrato de formetanato nos frutos foram reduzidos em cerca de 75%, 72% e 46%, respectivamente. Outra pesquisa demonstrou que a imersão de maçãs em água ozonizada contendo O3 nas concentrações de 1 e 3 ppm por 30 min diminuíram os resíduos de mancozebe de 56% para 97% com o tratamento com ozônio (HWANG et al., 2001).

Chega-se em uma conclusão, dessa maneira, que a lavagem de alimentos, em especial frutas,verduras e legumes, com água ozonizada, além de aumentar seu tempo de vida pela descontaminação de microrganismos, vai também reduzir consideravelmente o consumo dos tão “perigosos” agrotóxicos.

Referências bibliográficas

GRIGORI, P. Afinal, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo? Rev.Galileu, online <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/06/afinal-o-brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxico-do-mundo.html>. 2019.

HWANG, E. S.; CASH, J. N.; ZABIK, M. J. Postharvest treatments for the reduction of mancozeb in fresh apples. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, n. 6, p. 3127-3132, 2001.

ONG, K. C.; CASH, J. N.; ZABIK, M. J.; SIDDIQ, M.; JONES, A. L. Chlorine and ozone washes for pesticide removal from apples and processed apple sauce. Food Chemistry, v.55, n. 2, p. 153-160, 1996.

REVISTA CASA E JARDIM. 12 doenças que podem ser causadas por agrotóxicos.Online: <https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/noticia/2018/08/12-doencas-que-podem-ser-causadas-por-agrotoxicos.html>. 2018.